quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mo Yan e o «regresso aos mercados»

Já sabemos que o Prémio Nobel já não é o que era, que isto e que aquilo. Muito bem. Nada é já o que era. Seja qual for a opinião que se tenha, o Prémio nunca deixou de ser o Prémio Nobel. Isto é, um galardão internacional, porventura o maior, que chama a atenção do mundo inteiro para um autor e uma obra e que continua a fazer mexer a indústria dos livros.
O problema é que de há uns anos para cá o Prémio Nobel tem assentado com frequência sobre autores desconhecidos aqui no burgo, por vezes falantes de línguas intransitáveis para o comum dos mortais.
Para um editor «acertar» em futuros prémios Nobel é preciso ser corredor de longas distâncias. Por exemplo, a velha Ulisseia «acertou», ao longo do tempo, com mais ou menos anos de antecedência, em vários prémios Nobel. Mas isso, digo eu, é porque ela persistiu num certo tipo de critério e de atenção ao mundo, e esses critério e atenção (e o conhecimento que exigem) tenderam a constituir-se em tradição, que os seus editores procuraram captar e manter, apesar da diferença das circunstâncias e dos tempos.
Mo Yan, o Prémio Nobel deste ano, foi publicado em Portugal há cinco anos, precisamente pela Ulisseia e pela mão de João Carlos Alvim. Mão pela qual muitos outros grandes autores chegaram a Portugal.
O livro de Mo Yan, um romance com o título Peito Grande, Ancas Largas, estava à venda, não há muito tempo, na Fnac, ao desbarato.